domingo, 2 de setembro de 2012

Stuart Hall - A identidade cultural na Pós-Modernidade

PARA A DISCIPLINA DE TEORIAS DA COMUNICAÇÃO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM JORNALISMO, FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E TECNOLÓGICAS - FACITEC
Por José Ardonio


CAP. 1 – A IDENTIDADE EM QUESTÃO (p. 7).

“A questão da identidade está sendo discutida na teoria social. Em essência, o argumento é o seguinte: as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o individuo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. A assim chamada “crise de identidade” é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social.”
Tendo em vista que estamos vivendo diversos conflitos de identidade cultural na modernidade, Stuart Hall faz concepções e traz indagações a cerca do tema abordado. O livro: A identidade cultural na pós-modernidade nos leva a um mundo que é nosso, a um mundo que pertencemos. Tenta responder perguntas como: se há ou não crise de identidade, em que ela consiste e quais suas conseqüências. Hall tenta definir sujeito e traz a mudança do conceito de sujeito e de identidade do século XXI.

O CARATER DA MUDANÇA NA MODERNIDADE TARDIA CAP. 1 –(p. 14).
“Outro aspecto desta questão da identidade está relacionado ao caráter da mudança na modernidade tardia; em particular, ao processo de mudança conhecido como “globalização” e seu impacto sobre a identidade cultural.”
“Em essência, o argumento é que a mudança na modernidade tardia tem um caráter muito específico. È nessa parte do livro que Stuart Hall explica a mudança do sujeito moderno, “unificado” para o sujeito contemporâneo. Ele explica a sociedade moderna e diz que por definição essas sociedades são sociedades de mudança constante, rápida e permanente.”
O QUE ESTÁ EM JOGO NA QUESTÃO DAS IDENTIDADES? CAP. 1 – (p. 18).
“Até aqui os argumentos parecem bastante abstratos. Para dar alguma idéia de como eles se aplicam a uma situação concreta e do que está "em jogo" nessas contestadas definições de identidade e mudança, vamos tomar um exemplo que ilustra as conseqüências 'políticas' da fragmentação ou "pluralização" de identidades. Em 1991, o então presidente americano, Bush, ansioso por restaurar uma maioria conservadora na Suprema Corte americana, encaminhou a indicação de Clarence Thomas, um juiz negro de visões políticas conservadoras. No julgamento de Bush, os eleitores brancos (que podiam ter preconceitos em relação a um juiz negro) provavelmente apoiariam Thomas porque ele era conservador em termos de legislação de igualdade de direitos, e os eleitores negros (que apóiam políticas liberais em questões de raça) apoiariam Thomas porque ele era negro. Em síntese, o presidente estava "jogando o jogo das identidades". Durante as "audiências" em torno da indicação, no Senado, o juiz Thomas foi acusado de assédio sexual por uma mulher negra, Anita Hill, uma ex-colega de Thomas. As audiências causaram um escândalo público e polarizaram a sociedade americana. Alguns negros apoiaram Thomas, baseados na questão da raça; outros se opuseram a ele, tomando como base a questão sexual. As mulheres negras estavam divididas, dependendo de qual identidade prevalecia: sua identidade como negra ou sua identidade como mulher. Os homens negros também estavam divididos, dependendo de qual fator prevalecia: seu sexismo ou seu liberalismo. Os homens brancos estavam divididos, dependendo, não apenas de sua política, mas da forma como eles se identificavam com respeito ao racismo e ao sexismo. As mulheres conservadoras brancas apoiavam Thomas, não apenas com base em sua inclinação política, mas também por causa de sua oposição ao feminismo. As feministas brancas, que freqüentemente tinham posições mais progressistas na questão da raça, se opunham a Thomas tendo como base a questão sexual. E, uma vez que o juiz Thomas era um membro da elite judiciária e Anita Hill, na época do alegado incidente, uma funcionária subalterna, estavam em jogo, nesses argumentos, também questões de classe social. A questão da culpa ou da inocência do juiz Thomas não está em discussão aqui; o que está em discussão é o "jogo de identidades" e suas conseqüências políticas. Consideremos os seguintes elementos: As identidades eram contraditórias. Elas se cruzavam ou se "deslocavam" mutuamente. As contradições atuavam tanto "fora", na sociedade, atravessando grupos políticos estabelecidos, 'quanto' "dentro" da cabeça de cada indivíduo. Nenhuma identidade singular - por exemplo, de classe social - podia alinhar todas as diferentes identidades com uma "identidade mestra", única, abrangente, na qual se pudesse, de forma segura, basear uma política. As pessoas não identificam mais seus interesses sociais exclusivamente em termos de classe; a classe não pode servir como um dispositivo discursivo ou uma categoria mobilizadora através da qual todos os variados interesses e todas as variadas identidades das pessoas possam ser reconciliados e representados.”
A identidade diz aquilo que somos como vivemos em sociedade e como nos comportamos diante de outros sujeitos que compõem uma sociedade. Os exemplos acima explicam e desenvolvem teses a cerca de sujeitos que assim como nós têm suas identidades e seus comportamentos em sociedade. Logo sujeito e identidade seguem juntos em paralelo, tendo que ser flexíveis para assim viver suas diversas identidades na sociedade.