Quando nos referimos à liberdade de maneira geral, é preciso admitir que são vários os enfoques pelos quais podemos compreendê-la. Se ninguém é solitário, pois convive na sociedade dos homens, a liberdade é um desafio que permeia todos os campos da atividade humana. Assim, podemos falar em liberdade ética quando nos referimos ao sujeito moral, capaz de decidir com autonomia a respeito de como deve se conduzir em relação a si mesmo a aos outros. Kant dizia que a liberdade consiste na obediência às leis que o próprio moral se impõe. A liberdade econômica não deve ser confundida com a liberdade absoluta nos negócios. Por outro lado, porque toda atividade produzida supõe relações de dependência entre as pessoas e, por outro, porque convém precaver-se contra as aparências da liberdade. A livre iniciativa, fundada na idéia de que deve vencer o melhor”, muitas vezes nos faz esquecer de que em uma competição esportiva, por exemplo, os concorrentes sempre a iniciam em pé de igualdade: mesmo quando os talentos são diferentes, todos começam juntos na linha de partida. A liberdade jurídica é uma das conquistas das modernas sociedades democráticas que defendem a igualdade perante a lei. Ninguém pode ser submetido à servidão e a escravidão; qualquer um tem ( ou deveria ter...) a garantia de liberdade de locomoção e ação, nos limites estabelecidos pela lei. A aristocracia supõe a existência de indivíduos especiais que teriam privilégios. Foi contra as vantagens da nobreza que a burguesia se insurgiu no século XVIII, implantando os idéias contidos na Declaração dos Direitos que surgiram de inspiração para a construção da nova ordem daí em diante. No entanto, nem todos têm acesso à lei de igual maneira. A justiça é lenta e cara e o poder econômico interfere sempre que pode. Ao se fazer as leis de um país, é quase impossível evitar a interferência daqueles que detêm algum poder e desejam manter privilégios. Por ocasião da constituinte de 1988, a discussão a respeito de mais diversos assuntos, como reforma agrária, aposentadoria e verbas para educação pública, foi alvo de pressões das mais diversas, não podendo ser subestimadas as forças decorrentes do poder econômico. Podemos concluir que a liberdade não é alguma coisa que é dada, mas resulta de um projeto de ação. É uma árdua tarefa cujos desafios nem sempre são suportados pelo homem, daí resultando os riscos de perda da liberdade. Como vimos, os descaminhos da liberdade surgem quando ela é sufocada a revelia do sujeito - no caso da escravidão, da prisão injusta, da exploração do trabalho, do governo autoritário - ou quando o próprio homem e ela abdica, seja por comodismo, medo ou insegurança.
Watson e Skinner, psicólogos contemporâneos pertencentes à corrente comportamentista, consideram que o homem tem a ilusão de que é livre, quando na verdade apenas desconhece as causas que agem sobre ele. Com o desenvolvimento da ciência do comportamento seria possível conhecer de tal forma as modificações que daria para prever e portanto planejar o comportamento humano.
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